Nestes dias estive refletindo (e rindo de mim mesmo) sobre o que me atrai em um micro de 8 bits...
Isso ocorreu num momento em que eu havia convertido vários vídeos .AVI (em HD) para um formato que o ZX Spectrum consegue processar, chamado .DVO . Trata-se de um padrão de 8 bits, de baixíssima resolução (com direito ao famoso color clash) e com um som mono deplorável, porém audível.
Com bastante entusiasmo, chamei meu filho (que nasceu na era Windows 95) para assistir meu precioso feito. Ele olhou e disse um singelo "legal". Passado algum tempo, em uma de nossas conversas, perguntei: "Você deve me achar doido né? Um cara que converte um vídeo de alta resolução para um formato deplorável e ainda vibra com isso". Obviamente rimos da situação.
Bom, é daí que vem a reflexão...
Para mim, o prazer está justamente na limitação que a máquina possui e o que ela é capaz de fazer com tão poucos recursos. Esta é a característica principal de um micro da linha Sinclair, cujo projeto foi pensado em economia de hardware (consequentemente o baixo custo) e muita criatividade.
Eu e mais um grande grupo de colecionadores e entusiastas da retro computação (que em idade já chegaram nos "enta"), ficamos tomados por uma saudável nostalgia quando ligamos nossos micrinhos e relembramos nossos primeiros passos na computação. E, quando acrescentamos a isso algum tipo de novidade, o prazer é dobrado.
Também ocorre quando conseguimos fazer os micrinhos processarem vídeos com som, rodar games e demos absurdamente bem trabalhados, tocar música eletrônica ou simplesmente mostrar uma tela pixelada de 8 bits. E o mais incrível: Tudo isso com ridículos 16, 48 ou 128 Kb de memória! Algo inconcebível para um programador de nossos dias.
Por fim, todos temos algo que nos remonta a um passado marcante e prazeiroso. São imagens, sons, cheiros e, no meu caso, micros de 8 bits! Meu amigo médico já diagnosticou este hobby como algo saudável e que eu devo cultivar. Então, como bom paciente, seguirei suas recomendações. ;)